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Polícia prende no litoral paulista dois integrantes da "gangue das loiras"

Do UOL*, em São Paulo

22/03/2012 13h45Atualizada em 22/03/2012 13h46

Após prender ontem um homem que não estaria envolvido com os crimes cometidos pela chamada "gangue das loiras", a Polícia Civil afirma que prendeu nesta quinta-feira (22) Wagner de Oliveira Gonçalves, apontado como o chefe da quadrilha e único homem do grupo composto por seis mulheres --sendo cinco delas, loiras.

Além de Wagner, a polícia prendeu também Monique Awoki Scasiota, que é mulher dele e a única morena da quadrilha.

O grupo é acusado de cometer mais de 50 sequestros-relâmpago em São Paulo desde 2008. Há registros de casos também no Rio.

De acordo com a 3ª delegacia antissequestro do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o homem preso ontem --que é homônimo de Wagner-- foi liberado. Ele foi preso porque tem passagens pela polícia por roubo e por ser casado com uma das integrantes da gangue. Mas, ainda segundo a polícia, ele não seria integrante do grupo. 

“Ele mesmo disse ontem que é ladrão de condomínio e que deixou a cadeia no começo do ano. Como nenhuma vítima veio reconhecê-lo e ele não tem mandado de prisão, tivemos de soltá-lo”, disse o chefe da investigação na 3ª delegacia, Douglas Gomes. 

Os dois integrantes presos hoje foram encontrados na Vila Tupi, na Praia Grande, litoral de São Paulo. Carina Geremias Vendramini, 25, já havia sido presa no último dia 9, em Curitiba. Ela reconheceu os crimes e foi reconhecida por vítimas.

A ação da gangue

A prisão de Carina foi o primeiro passo para a desarticulação do grupo. Conforme as investigações, a quadrilha é composta por sete pessoas: um homem e seis mulheres. Elas são de classe média alta, usam carros importados e roupas de grife. Algumas têm curso superior.

De acordo com a polícia, o grupo atuava em duplas ou trios e abordava mulheres em estacionamentos de shoppings centers e hipermercados da zona sul de SP. 

Para o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Jorge Carlos Carrasco, as informações prestadas por Carina ajudam a polícia a chegar aos outros integrantes. “O grupo começou invadindo e assaltando condomínios e, em 2009, migrou para o crime de sequestro-relâmpago."

Carina já esteve presa por sete meses em 2008 pelo mesmo crime de sequestro-relâmpago, e foi liberada por falta de provas. Depois da prisão, passou uma temporada na Nova Zelândia, onde conheceu o marido, antes de voltar a praticar crimes em São Paulo.

Polícia divulga imagens de ação da "gangue das loiras"; veja

“Bonnie e Clyde”

A polícia afirma que identificou a quadrilha pela semelhança na maneira de agir dos sequestradores. “A princípio, acreditávamos que eram grupos diferentes, porque eles se revezavam nas ações. O grupo era sempre formado de um homem e uma ou duas mulheres, mas a descrição das mulheres era sempre diferente”, explicou ontem o delegado Alberto Pereira Matheus Jr, da 3ª Delegacia Antissequestro, que acompanha o caso. Segundo o relato das vítimas, Wagner e as parceiras de crime se tratavam por “Bonnie" e "Clyde” –em referência à dupla de criminosos do filme americano.

Segundo o delegado, as vítimas eram sempre mulheres sozinhas –geralmente loiras, para que as criminosas pudessem se passar por donas do cartão de crédito roubado. Elas eram abordadas por Wagner em estacionamentos enquanto estavam distraídas, guardando as compras no porta-malas. A vítima era mantida rendida dentro do carro que o criminoso dirigia, enquanto as comparsas desciam com o cartão para sacar dinheiro ou fazer compras.

Em um dos últimos sequestros, em dezembro de 2011, uma das assaltantes gastou R$ 17,5 mil em iPads e celulares numa loja do shopping Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Frequentemente, dois ou três sequestros eram praticados no mesmo dia. Mais casos foram registrados nos shoppings Ibirapuera, Iguatemi e num hipermercado na avenida Ricardo Jafet, na zona sul.

Embora nenhuma das vítimas tenha sofrido ferimentos graves, a quadrilha era violenta no trato com as reféns. “Elas levavam coronhadas, puxões de cabelo, sempre das mulheres. Wagner era ‘o bonzinho’ do grupo”, afirma Matheus Jr.

Além de Carina, Wagner e Monique, ainda são procuradas a irmã de Carina, Vanessa Geremias Vendramini, 23, Franciely Aparecida P. dos Santos, 23, Priscila Amaral, 32, e Simara Lian. Foram dois meses de investigação para se chegar à identidade do grupo. Os integrantes continuam foragidos. Todos têm passagem na polícia por assalto ou sequestro-relâmpago.

*Com informações de Denise Galvani e da Agência Estado